Book

Meu primeiro livro descrito, escrito. Há milhões dentro de mim...

 

 

 Prefácio

  Como nascem os grandes amores?

 Talvez, em um simples ato de apertar as mãos. Talvez, no fato de se olharem nos olhos por alguns minutos. Talvez, na confiabilidade doada em um primeiro momento de diálogo. Talvez, em um interesse despertado, ou em uma simples conversa sobre a vida por apenas trinta e cinco minutos.

 Esse nasceu assim...

  O coração veio a boca. E de joelhos atrás de um balcão alguém se perguntou o que era aquilo. Aquilo era o novo. Um novo despertar. Ela nunca mais seria a mesma.     Ele nem poderia ao menos imaginar as implicações que aquele encontro causaria em sua vida.

 Aprenderam a se amar. E acreditem, até hoje não sei se realmente é amor! Por vezes, suponho que seja ''algo'', um artigo indefinido, bem mais lindo que esse sentimento tão estimado. Será que isso é possível? Bem, enquanto não descubro, chamo-o amor.

 Tudo tem começo, meio e fim. Só acredito no começo e no desenrolar dessa história, mas não no fim. Talvez porque o fim ainda não é palpável e nem ao menos sofrido. Mas a eternidade, por maior experiência de vida adquirida, provavelmente já saiba onde isso vai ter finitude.

Sim, acredito na finitude das coisas, a vida me impõe isso todo dia. Já não sou mais um adolescente que acredita em relações duráveis sem fim. Mas acredito em caminhada à dois, mesmo que não haja envolvimento amoroso por ambos. Carrego comigo a certeza, que eles serão eternos parceiros na vida. E torço muito, tenho direito à isso, para que sejam também parceiros no amor.

 Quem eu sou? Deixem-me apresentar, já que vou contar-lhes essa linda história:

 - Eu sou o TEMPO, muito prazer! Permanecem em mim cravado tudo que se segue. Tatuagens dela e dele em mim. Não vejo porque guardá-las em meus silêncios que pouco inspiram, mas eternizá-las em palavras que tem o poder de mudar as pessoas, os gestos, as ações e a vida.

NR

Maio de 2011.

  Geovana voltara do horário de almoço fazia quinze minutos, o rosto ainda estava amassado da soneca que tirou no sofá da casa de seu tio, que ficava mais próximo do seu serviço do que sua casa. Era seu alívio poder ir para lá em alguns dias da semana. Aproveitava a curta distância para poder descansar o corpo da dura jornada de trabalho, e das noites de estudo. Tinha feito vinte e um anos a apenas dois meses, mas ainda estava cursando o segundo ano do Ensino Médio.

  A vida nunca havia sido fácil pra Geovana. Teve a infância e a adolescência marcadas pelo alcoolismo do pai e pelas agressões verbais e físicas que ela e a família sofriam diariamente. Seu refúgio era seu quarto e seus livros. Como no filme Matilda, não gostava de ver televisão. E enquanto a família se divertia a noite em frente à tv, ela lia, escrevia e sonhava, quase sempre acordada.

  Foi exatamente nesse processo de esconder-se da realidade que ela criou capas para se proteger. Protegia-se da realidade com suas histórias repletas de inverdades. Sonhava com príncipes encantados que iriam livrá-la do tormento de viver numa casa onde o amor parecia não reinar. Ela chorava e tinha anseio de viver o que os livros lhe contavam. Sua ânsia na vida era por finais felizes. Casar, ter filhos, e fim. Quando completou dezesseis anos o pai saiu de casa. Foi uma dura realidade. Talvez, porque finalmente Geovana foi forçada a parar de sonhar. Teve que entender que pedir a Deus para que as brigas entre os pais cessassem não seria suficiente para que ela vivesse feliz. Foi forçada a encontrar emprego e sustentar a casa. E por mais que gostasse dos estudos não conseguiu conciliar com seu trabalho. A família dependia de sua renda e ela adiou seus sonhos para o futuro. Trabalhava tanto e olhava a vida tão difícil da família na cidade grande. Mas nunca se decidiu por coisas fáceis. Sempre desejou seguir o caminho da fé que dias melhores chegariam. Mas ela ainda tinha que enfrentar muitas tempestades.

   Do interior de Minas Gerais, Geovana se viu indo para o interior de Goiás. Ela não queria, mas como tinha apenas dezessete anos, sendo ainda menor de idade, a mãe obrigou a ir, segundo ela, para o ''fim do mundo''. Revoltou-se por seis meses. Não era aquela a vida que ela queria e desejava. Não valorizava o amor de sua mãe. E ficou muito tempo perdida, procurando entender o porquê estava tudo dando errado em sua vida. Foi quando ela olhou a sua volta e tentou sorrir que o mundo mudou. E ali no interior de Goiás, onde ela achava que nada poderia acontecer de bom em sua vida, teve oportunidades incríveis de se fazer uma pessoa melhor. Conheceu pessoas simples e maravilhosas, que lhe mostraram a ter fé na vida e nos seus sonhos. Começou a trabalhar e se tornou gerente de uma pequena sorveteria no centro da cidade.

  Já haviam três anos que ela frequentava uma igreja evangélica em sua cidade. Mas depois de uma crise na igreja, já não sentia-se a vontade para estar ali. Ela estava mudando. Suas verdades, e tudo que ela acreditava, pareciam tão erradas agora. Ela lutava contra o desejo de sair, de conhecer o mundo e se desesperava pelas novas vontades que tinha. Já estava com vinte e um anos, mas ainda se via como uma menina de quinze anos, uma garota leiga, indefesa, tão infantil e mimada, sem perspectivas de futuro. Mas sentia muito medo de mudar. Porque mudar era assustadoramente contra tudo que parecia ser certo. O que iriam dizer? O que iriam pensar. Mas mudanças eram mais que necessárias. Ponderava sobre isso há dias e seu refúgio era seu emprego, naquela lojinha, ela podia ser a psicóloga dos desesperados. Ela ajudava a muitos ali. Viam gente de todos os lugares da cidade. Ela sempre gostou de dar opiniões. E todo mundo sempre precisa de uma. Ela tinha de sobra. Nem parecia ser tão problemática. Nem parecia carregar tantas dores. Engolia o choro e sorria. Sorria pra vida e para todos a sua volta. Fugia das palavras ''frustração'' e ''derrota'', não se deixaria abater. Cuidava tanto dos outros que gostava de fingir já ser psicóloga. Voltara a sonhar. Estudava a noite e era a queridinha da sala. Os professores adoravam sua maneira de inovar a sala de aula. Foi exatamente no segundo ano que redescobriu a vontade de escrever. Escreveu redações e textos tão bem elogiados que deu-lhe uma vontade de expor suas ideias e ideais além dos muros do colégio. Ela se sentia bem com a popularidade da igreja e do colégio, mas não desejava só aquilo para sua vida. Desejava uma liberdade que ela ainda não tinha. Ela estava em busca de si. Mas com medo do que encontraria persistia em permanecer. Mas tudo mudaria. Ela querendo ou não.

  Ela não sabia, mas sua cara amarrada, amassada e o coque desgrenhado na cabeça chamariam a atenção do homem que mudaria sua vida definitivamente. O celular estava na mão, verificando a caixa de mensagens. A blusa roxa e uma bermuda jeans davam um ar sombrio a Geovana. Ela nunca ligara muito para a vaidade. Só se arrumava em ocasiões especiais. E devido ao seu período de metamorfose não andava se importando nem um pouco com a aparência. Foi quando Fábio entrou na loja. Ela estava sozinha atrás do balcão perdida em seus pensamentos. Fábio era um homem muito bonito. Alto, branco e de cabelos negros lisos. Usava uma camisa branca, uma bermuda de tecido azul e tênis. Os óculos escuros impediam que Geovana notasse a cor de seus olhos. Na verdade Geovana não se interessou por nada em Fábio. Por incrível que pareça, ela não o achou bonito. O atendeu e ficou quieta. Sentou-se na sua cadeira num cantinho da loja. Ela com uma super baixa autoestima jamais pensou que ele a notaria. Não era o tipo de homem que olharia para ela. Ficou no seu mundo de ideias. Não dando atenção ao estranho homem que ali estava. Por ordem do destino, ou do acaso, o universo talvez deveria ter outros planos para os dois. Fábio olhava pra ela por depois de freezers de sorvete. Geovana por mais que tentasse se esconder do estranho, ainda era por ele vista. Depois de algum tempo, de se deliciar com um picolé de uva, Fábio puxou assunto...

NR

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