Amar é se envolver sem medos e sem culpas

 
 Amar é ser casado por um dia. Amar é se separar no outro dia por conta da distância. Amar é usar o tempo todo um microscópio que é capaz de nos fazer enxergar com destreza todos os nuances do outro. E neles ver defeitos. Ver coisas insuportáveis pra caralho. E achar que não vai dar conta. Amar é achar um monte de coisa. Amar é viver de suposição. Amar é ver as próprias caírem por terra. Amar é viver de mudanças. É se permitir. É sofrer uma metamorfose a cada briga. É entender um momento de desespero.
 
 Amar é acreditar no futuro do outro, mesmo que ele não esteja com você. Até porque nem sempre estar junto como alguém significa mesmo ter companhia. Amar é um riso solto, bobo e sem pretensão de se findar. Amar é ouvir. Amar é ceder. Amar é sobretudo discordar, e acima de tudo respeitar. Amar é muito mais que se possa dizer... mas sempre há algo a se fazer.
 
 Amar é estender a mão. Amar é esconder o orgulho. Amar é divergir-se quase sempre. E quase sempre achar solução. Amar é caminhar. Mesmo que na frente exista um abismo. Amar é usar da inteligência para criar pontes. Amar é surpreender e deixa-se ser surpreendido. Amar é se reinventar sempre. Amar é buscar sempre o bem comum.
 Amar é ficar quietinho ouvindo a respiração do outro. Amar é ser mar. Deixar o navio navegar. Amar é beijo na testa. Beijo na boca. Beijo sem roupa. Amar é arder. Amar é arranhar as costas. É passar o cabelo por entre os dedos. Ou vice-versa, quem sabe?  Amar é criar laços com os braços e pernas. Amar é orelha encostada no peito, escutando o ritmo do coração. Amar é nó. É laço. É uma porção de linhas tênues.
 
 Amar é um bocado de coisas que eu ainda não sei... mas me disponho a aprender. Porque como diria o saudoso Tom Jobim, fundamental mesmo é o amor, e é impossível ser feliz sozinho.