Apenas falsos sufixos

Em meio ao início, dos inúmeros fins, tudo isso se resume ao tudo deles. Que por ser o meu, ou o teu, ou o nosso nada, percebo que não existem definições prontas para estes dois seres que sozinhos se definem, mas juntos não.
 
   São seres programados! Individualistas, que necessitam da sua autêntica ilusão de liberdade, tomaram posse de suas cartas de alforria e próprias escrituras que determina-os donos de si mesmos. Independentes. Sensatos. Felizes. Completos.
 
   Usam de inúmeros sufixos para se definirem. Ela se julga feminista. Moderadamente, ou completamente, orgulhosa. Ele, por sua vez se julga um machista convicto. Moderadamente, ou completamente, orgulhoso.
 
   Ela quando não o entende usa de clichês: “Homens, afs!”. Ele quando se irrita, usa de clichês: “Mulheres, afs!”.
 
   São de mundos diferentes. Ela é uma menina que ainda quer ser mulher. Ele é homem e pronto, acabou. Ela sonha. Ele vive. Ele canta. Ela dança. Ele dita o ritmo. A danada acompanha. Ela faz planos mirabolantes. Ele foge de todos eles. Ela é louca. Ele é louco também. Louco por ela. Ou por elas. Mulheres! Ele faz piada. Ela não acha graça. Ele dá risada do amor. Ela se define como o amor. Ele grita. Ela se dói e chora. Seca as lágrimas, levanta de onde caiu dá uma jogada para o lado no cabelo e rebola. A danadinha dança sim conforme a música. Ele olha. Ele gosta. Ele se esquece das horas.  Das regras impostas. Domingos são dele, ele diz. Presenteia-os com a presença dela. Ele só quer curtir. Ela quer ser levada a sério. Ele sorri. Ele também quer. Querer é um algo em comum entre os dois. Talvez o único! Os dois se querem muito! Mas de jeitos diferentes.
 
   Uma vez ele enlouqueceu, jogou tudo para o alto e cedeu. Deu merda é claro! Uma vez ela mandou seus pudores para o inferno, nem preciso falar o resultado. Merda é claro! O mundo deles é só deles. Não dá para dividir. Não com ambos. Mas nunca vi casal mais filho da puta que aquele! Sério mesmo! Está sempre inventando uma desculpa para tentar de novo. E cá entre nós, para mim, todo esse papo de diferença entre eles é só charme de ambos. É que os dois gostam mesmo é do difícil, do impossível.
 
   Vi ela no sorriso dele. Vi ele no olhar dela, mesmo ela estando de óculos escuros. Tem tanto dos dois por aí, que resolvi escrever. E nem sei se os dois irão ler!