As dificuldades de ser escritor

As vezes, eu acho que escrevo melhor quando estou apaixonada. Mas aí lembro dos textos julgados perfeitos, quando estou com raiva, tpm, indignada.

O homem que mais amei na vida, depois do meu avô paterno e meu pai, me disse uma vez que toda vez que lia um texto meu sentia o pulsar do meu coração, tum-tum, tum-tum em cada linha. Eu sou assim emoção.

E as vezes acho que nem devia escrever assim, porque ser escritor já é desnudar a alma, é se expor demais, é se por na vitrine da...s retinas alheias e deixar que nos moldem como querem ou como nos lêem.

É um mundo perigoso eu sei. Já me falaram para parar de ficar ''derramando solidão'' por causa do meu ex namorado que me deu um chute (sim, já me falaram isso); me falaram para largar isso de ''querer ser e aparecer''; me falaram para tentar não ser dona de mim mesma ao ponto de escolher falar sobre mim, sem medo; me falaram para eu largar de ser lésbica (não sou, mas desde quando escrever sobre sentimentos e a vida tem relação com a minha opção sexual?). E vou sorrindo. Pego apenas o bom dessas críticas e vou seguindo. É minha arte e faz parte.

A verdade é que talvez poucos saibam, que nós, milhares de escritores, não tivemos a oportunidade de viver aquilo que escrevemos, mas desejamos sim ao menos no texto viver. Ou não. Gosto de uma frase que reflete isso com maestria: ''Nem tudo que vivemos escrevemos, nem tudo que escrevemos vivemos''.

Penso em desistir? É claro que sim. Mas aí, me lembro que essa eterna sopa de letrinhas, me escolheu. E essa incumbência carrego em cada assinatura minha até que na caneta não possa mais tocar. Até que a alma só tenha coragem de fabricar em escrita a morte, nas entrelinhas de um ser que tanto ama escrever a existência.