Cortei o cabelo de novo

 Cortei o cabelo de novo. 
 Isso, porque disse que iria deixar crescer. E volta e meia faço isso, já que eu falo umas coisas e faço outras. E isso me irrita tanto. Mas, me convenço que é por causa daquela quedinha pelo se ''reinventar''. E a gente vive inventando desculpas para os nossos erros, e criticando os alheios, e esquecendo que erros não se justificam.
 Costumamos a dizer que somos sinceros. Mas privamos da nossa sinceridade, muita gente. Escondemos a nossa não tão verdadeira face por medo de machucar, por medo de perder a linha da nossa esteriotipização daquilo que julgamos ser o nosso ''eu''. Aí a gente se desmonta totalmente e deixa ali a bagunça completa. Talvez, só estamos brincando de ser um deus e ficamos nos olhando de cima.
 Devíamos ter disto, de saber se por lugar. E isso dói. Isso machuca. Haja coragem. E haja entendimento e choro. Ninguém entende o porque daquilo de ficar quieto, no canto, calado, observando a maré baixar.
 Os nossos processadores, vão e voltam em todas as velocidades possíveis. E quando explicamos ao fulano, ou beltrano, julgam-nos loucos.
 A mediocridade humana nos afeta. Nos fere! Ninguém têm disso não? Ninguém saí da zona de conforto? Sentamos em bares repletos de saias curtas e frases montadas. Noa vestimos em trajes e dizeres tão tipicamente, masoquistas. E nos ferimos,  punimos, boicotamos a nossa essência e transparecemos gigantes de ferro. E não nos damos conta que somos apenas bebês indefesos que não crescem porque, infelizmente decidimos não amadurecer.
 Vamos pulando etapas, deixando de viver o novo, e julgando ser a decisão certa, tudo em nome dos atos religiosos de não sofrer. Perdendo assim, sem dar conta disso, os minuciosos detalhes do alvorecer da própria existência.
 Talvez, eu só tenha sorte de ser a louca que diz que não vai cortar o cabelo e que depois de cortar ainda faz uma de suas crônicas sobre a humanidade. E sigo assim, sem camisa de força que me impeça de escrever.