Inquilino

E ele veio sem eu pedir.

Entrou, sentou na poltrona. Instalou alguns pertences. Cruzou as pernas. Estava vestido de elegância. Encheu-me os olhos. Novo inquilino.
 
Tinha o papo bom. E eu gostei dele logo de cara. Palavras, malditas palavras que vivem me ganhando fácil. Mas no momento era diferente. 
 
Assustadoramente, de uma forma única, aquele moço, fechava-se para mim. Como se eu não fosse confiável o bastante para também morar ali. Abusado não? Mas soava como um desafio. Até mesmo um certo charme.
Ele falava pouco. Mas destilava algumas verdades que me roubavam o ar. E sabe? Ele me fazia sentir borboletas no estômago novamente e aquele gelo na espinha que a muito tempo não sentia. O Timor apertava-se no peito e eu sem muito esforço não quis de maneira alguma fugir do que eu já sabia que viria ali num futuro tão presente e próximo.
 
 Apaixonar-se é divino. Um presente que não se pode evitar nem tão pouco guardar para si.
 
Droga! Não era para isso está acontecendo agora. Mas está.
 
Antes de morar em mim, o novo inquilino é visita. Visita que veio aos poucos. Que vêm aos poucos. E de vez em quando vêm aqui e rouba uma parte de mim. E deixa um pouco dele. Hoje mesmo roubou-me sorrisos sinceros. E deixou-me sentimentos ternos. E isso tudo está tão bonitinho, que mesmo que não vire mar, o rio já fez o seu papel. Desenhou traços tão bonitos em mim. Talvez, também nele.
 
A chave do meu coração eu ainda não o entreguei, por mero cuidado de evitar a dor. Mas pelo andar de todo o desenrolar dessa história, qualquer dia desses, eu até o deixo entrar mas não vou o deixar ir embora. É que numa dessas visitas tão repentinas, ele se tornaria calmaria em mim. Moraria, se quisesse, em mim.