Minha mãe, minha melhor amiga

A minha mãe sempre foi a minha melhor amiga. E olha que somos uma constante viela de ambos os lados repletas de diferenças e semelhanças. Ah, contrários da vida.

Somos tão diferentes em tanta coisa. Mas me espelho nela em outros milhares de nuances (como gosto dessa palavra, aprendi com o Jonas Sakamoto, rs).

Ela me deixa muito irritada quando me enche de perguntas desnecessárias e excessos de preocupações que não fazem muito o meu estilo de vida: livre. Ela me ensinou que toda liberdade têm o seu tipo de cabresto, tanto que não vou na esquina sem avisar ela onde vou. Quando viajo e fico sem ligar ela me enche de chatiações e me faz ficar com remorso por ser uma filha desnaturada. Detesto dar satisfações. Mas eu volto cheia de novas experiências e sempre sentamos em um lugar da casa, para que eu possa desenhar cada uma delas para ela. Ela quase nunca fala muito. Mas escuta. A minha mãe devia ser um monge. O primeiro monge sem paciência do mundo, mas devia ser, já que ela tem o dom de ficar quietinha ouvindo tudo e só falar algo muito foda que me faz entender tudinho. Ela é a Deuza da sabedoria. Ah, rs mamãe se chama Deuza.

Ela têm um jeitinho todo dela de cuidar. E eu gosto de achar que é por isso que me preocupo tanto com as pessoas. Ela tá sempre preocupada com o café, com o almoço, janta e até frio meu e dos meus irmãos marmanjos. Volta e meia, acordo com ela de madrugada nos enchendo de coberta. E quando estou doente? Não existe melhor médica, enfermeira que ela não sôh!

A minha mãe e eu somos um pouco parecidas em não ficar toda hora dando beijo e abraço. Mas depois que ela inventou de ficar doente, só para a vida nos ensinar muita coisa, a gente vive numa melação só. A gente briga por causa da insistente mania dela de fazer coisas que ela não pode fazer mais. Mas ela não dá conta de esperar. E eu me lembro que sou igualzinha a ela. E talvez, tudo isso seja para me moldar num serzinho melhor. Não deixo as oportunidades de crescimento para viver do lado dela. Ganho em cada NUANCE da minha véia um gostar a mais na minha existência. O futuro? Tô aqui no meu presente, sendo presenteada. Preciso de mais? Acho que não.

Depois que perdi meu pai e meu avô em de repentes da vida ,e não pude estar com eles em seus fins, tenho valorizado cada segundo com ela. E o que quero dizer com tudo isso é que nossos pais podem ser tudo, em toda a complexidade de suas paternidades, mas são o vínculo que mais define o amor. Hoje, de coração apaixonado, enfrento a vida lembrando que a falta de paciência de hoje é a saudade de amanhã. Depois que o Fred Elboni me disse isso, eu quero que a dona Deuza me enche muito a paciência ainda, rs.

A gente aprende com isso tudo que no amor vivemos endividados, porque temos que arrancar amor até em meio as nossas crises. Aprendemos que não têm como, no amor a gente vai sempre perder, pelo bem estar do outro. E que nem sempre mesmo tendo razão a gente vai vencer. Amor é acima de tudo ceder. Mamãe sempre me vence, rs. Mas fique tranquilo. Na batalha do amor, quem perde também vence. E olha mais contrários aí. Ela chorou quando li para ela esse texto e disse que me ama. E é esses momentinhos que vou buscar quando ela inventar de não me perguntar várias vezes no dia a mesma coisa. Eu a amo e é o meu amor mais real, umbilical.