Morte

Morte
 
 
 
 Dizes que não tens medo da morte
 
 Sorte! Pois eu sim. Insiste-se assim
 
 Anestesiado, pouco amado, e que
 
 Devo ser assim.
 
 Mal sabes do medo da morte que se
 
 Apossa de mim de que a morte que
 
 Não temes seja teu fim!
 
Conhece-te, ama-te, morra por ti!
 
Ó amado, se tivesses, meu insano
 
Coração, se pudesses, por breve
 
Instante, com meu olhar inquietante,
 
Em melódica observação!
 
Aí saberias, sublime amor, que
 
Acabar-se em vida seria meu maior
 
Terror, tua morte, meu temor.
 
Dou-te a minha vida, não há amor
 
Maior. Entrego-me por inteira num
 
Singelo abraço, no obscuro espaço do
 
Tempo perdido.
 
Não há amor maior.
 
Muito pouco será dito, muito será
 
Sentido. Mas não te reprimas, amado.
 
Dá-me as tuas águas sedentamente,
 
Em mim frutificarás, viverás, ora
 
Branco, sereno, moreno, ora vermelho,
 
Convulsivamente, para sempre!
 
Meu Amor maior.