o amor na era digital

Estou aqui na frente de um computador e milhares de outros seres juntam-se a mim nessa universalidade da tecnologia. E fico me perguntando aqui nos recôncavos da minha alma o quanto o amor se tornou algo banal na era do toque skin. Estamos tocando o tempo todo telas, e esquecendo de tocar corações.
 
Temos a facilidade de encontrar o outro ''online'', mas perdemos a pureza de um arrepio de toque na pele, em um verdadeiro encontro, e não apenas ler e tocar uma tela fria de celular ou derivado tecnológico. Nossas mensagens são compartilhadas na velocidade da luz, mas o som da voz sussurrando no ouvido, poderia ser considerado um artigo de luxo. Estamos aí, aqui, o tempo todo compartilhando "emoticons", coraçãozinhos nos olhos para tudo, mas escondemos nossas verdadeiras emoções em uma Self com copos de tequila, gritando ao mundo que superamos o fim dos nossos relacionamentos em baladas e derivados. Perdemos o brilho nos olhos. Ganhamos dores nas costas e problemas de vistas. Não vemos mais a carne, apenas curtimos fotos.
 
Perdemos tempo em longos papos cabeças que amanhã já perderão o sabor, e deixamos de ganhar a presença do outro, sem filtro e legenda, sem maquiagem, sem previsão de texto, abreviações, cara-a-cara, beijo-a-beijo. Perdemos a evidência dos poros. As marcas das unhas nas costas. Mandamos fotos sensuais. Fazemos até sexo por áudio e até digitamos algum prazer. Deixamos de lado o orgasmo, o gozo do outro, as mãos trêmulas, as pernas bambas e a satisfação no olhar. Perdemos os olhos sobre os olhos. A verdade que se vê em cada feição dada. E o sorriso que insiste em ser, por causa do outro.
 
Em tempos em que uma postagem é mais bem vista, do que se fazer em uma bonita essência, me pergunto: será que teremos amores concretos? Desses que só se desejam estar juntos e nada mais, haja o que houver, faça chuva, sol, tempestade ou ventania, mas onde correr para o abraço do outro, seja uma espécie de necessidade, um verdadeiro e pleno desfrutar de companhia.