Um ser amor

Digamos que as novas portas que agora se abrem me façam descansar em dias de racionalidade. E que por presente, me trouxeram a oportunidade de enxergar vieses da vida de uma forma inusitada e diferente.

 
Sozinha, e ao mesmo tempo não, ali comigo mesma, que abrange muita coisa, existe multidão. Eu não ouso dizer que sou como roda de samba, seria mentir sobre mim mesma, e que pecado seria isso. Mas ouso dizer que sou um pouco parecida com a música Oração da Banda mais bonita da cidade, porque o meu coração cabe o que não cabe na dispensa. Sou casa grande. Cheia de gente. Gente talentosa. Gente cantante. Gente dançante. Gente musical. Gente teatral. Gente feliz.
 
Sou torcida colorida. Que insiste em franzir a testa, tentando ser, suficientemente, para não ser apenas uma apaixonadinha pelo cotidiano, o qual, por vezes, se desenha tão sofrível. Mas quando dou conta de mim, já está lá desenhado no horizonte real aquele sorriso contornado pelo batom vermelho matizado.
 
Em desenhos e contornos, tenho essa mania de colorir de verde a minha história, uma mescla imperfeita, entre realidades e sonhos já por mim alcançados. Sim, os meus sonhos são reais.
 
Entre efêmeros deslizes de minha alma, já não insisto em buscas tolas por perfeição, mas busco alcançar naturalidade e leveza. Aqui e ali, descobrimos, ao longo dos dias que se seguiram que não perdemos por sermos quem somos. Que não perdermos pessoas por ainda estarmos nos construindo. A verdade, que será corroída por novas verdades, é que pessoas vivem perdendo o interesse, que antes brilhavam os olhos e apertavam timores por aí. Aprendi que é quando os encantos passam, é que nasce o amor. E são poucos os que estão preparados para fazer florir a temporada das flores. 
 
Com isso já não quero eletricidades e tempestades de paixões elouquentes. Desejo que na minha calmaria, às vezes, que o amor venha ser vulcão. Que na maioria do tempo ele seja semelhante a rede preguiçosa para dormir. Descansada ali, que eu aprenda, de uma vez, que quando quer, o amor não se assemelha com dor. Mesmo que esta seja uma das porcentagem da fórmula da existência. Depois de gritar tamanhas emoções me vejo aprendendo que equilíbrio emocional depende do equilíbrio racional. E não se assustem! Mas quando todos os possíveis encaixes se fazem, ambos fazem esse ''casamento'' fluir. Aqui na minha calmaria e multidão reina a tranquilidade porque sou assim, um ser amor.